domingo, 1 de novembro de 2009

Vimos, neste sábado (17), a queda do helicóptero da polícia militar do Rio de Janeiro em um confronto relacionado ao tráfico de drogas da cidade, e isto causou, obviamente, uma imensa repercussão na mídia, como sempre exaltando sensacionalismo e opacidade na veracidade das notícias relatadas.

Declaramos nosso estado de repúdio às violentas guerras que se estabelecem no Rio de Janeiro, em todo o Brasil e em todo o mundo no que tange tráfico versus polícia. Temos consciência de que o tráfico é um imenso império que é sustentado por disputas violentas de poder e que as conseqüências do tráfico são trágicas, de modo imensurável, à classe pobre. Temos consciência também que a polícia não é um órgão especial como a maioria da população – praticamente sempre com opinião massificada – pensa, sabemos do que ela é capaz, do que ela está sempre fazendo, da opressão ao pobre, da segregação social, da violência que exerce contra aqueles que defendem seus direitos, das várias operações sádicas que realizam diariamente com moradores de rua; sabemos que é a polícia um dos órgãos principais de manutenção do poder do Estado sobre o povo, sobre o trabalhador.

Estamos indignados com a antiga e contínua ação dos governos do país de não investir o suado imposto que o trabalhador paga na área da educação e da saúde, e consideramos estas áreas as que mais combatem a violência e a pobreza. Polícia é sinônimo de violência, e violência não anula violência, pelo contrário, neste caso a violência se estabelece e multiplica suas forças e suas conseqüências trágicas.

A ação que a polícia vem fazendo nas favelas é-nos revoltante, pois subir a favela, local onde existem muito mais trabalhadores que nada têm a ver com o tráfico, atirando para todos os lados não resolverá absolutamente nada.

Se mata um traficante de um lado, do outro lado uma criança, que não tem capacidade cognitiva o bastante para saber quais as conseqüências de suas ações, que foi criada em meio a drogas, prostituição, violência policial, traficantes aliciam-no e levam-no para o tráfico facilmente, colocando no lugar da antiga criança, agora assassinado. O Estado só entra na favela por meio da polícia violenta. “Único órgão do Estado, presente no bairro, é o PM sem mandado invadindo teu barraco, dando soco na tua mãe, mandando calar a boca, vai puta, quero revólver, agiliza porra”, são rimas do grupo de rap nacional Facção Central, muito boicotado por várias pessoas com a desculpa – mais uma vez opinião massificada – de incentivo ao crime, sendo que cantam a realidade brasileira que não é mostrada nos programas legais de TV. Essas rimas retratam muito bem o que acontece nas periferias.

Não é a polícia que acabará com o tráfico, com a violência, é a EDUCAÇÃO, são ações sociais dentro das periferias para dar educação, saúde, alimentação, moradia, lazer, enfim, situações dignas para sobrevivência das crianças que muitas vezes são abandonadas e, após anos de indigência, de esquecimento, abandono, tornam-se os grandes vilões da história. Também somos realistas, sabemos que esta história não se repete absolutamente com todos os traficantes, mas, numa visão geral, todas as histórias são semelhantes: pobreza, violência policial, drogas, tráfico. Vale lembrar que pobreza não tende a único e exclusivamente o tráfico; existem muitos pobres, aliás, a maioria da população pobre, que não está envolvida com o tráfico de drogas.

Não confiamos na mídia, pois são com tais crises, com tais desgraças que ela lucra, e, quanto mais aumentam a desgraça, mais ganham ibope, mais lucram. E também não é de interesse da mídia divulgar o que realmente se passa, pois pode colocar vulnerável a opinião popular a respeito da polícia e do governo.

Exigimos, enquanto pagamos nossos impostos, enquanto temos o direito - aliás, o dever de exigir - do governo uma solução imediata à violência não apenas no Rio de Janeiro, mas como em todo o Brasil e estamos convictos que essa solução não é mais violência. 40% do PIB nacional são tributos arrecadados, e, com isso, podemos muito bem ter base para gigantes investimentos na educação e na saúde. Nossa exigência não é em virtude das Olimpíadas de 2016, nem da Copa do Mundo de 2014, pelo contrário, repudiamos esses dois grandes eventos que gastarão bilhões de reais que poderiam estar investidos na vida de quem paga e realmente precisa.

Não existem desculpas, qualquer forma de desvio de respostas e soluções será entendida como falcatrua e hipocrisia da parte do governo.
ESSE TEXTO FOI RETIRADO DO SITE DO" MOVIMENTO ANRCO LIBERTARIO"

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